Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

Todos nós sabemos a importância que a atenção tem em nossas vidas. Estudar. Ater-se a uma conversa ou leitura. Manter a concentração, mesmo em um ambiente com ruídos. E várias outras atividades dependem, em grande parte, da possibilidade de conservar nossa atenção voltada para um determinado estímulo.

Estudos neurológicos mostram que crianças com TDAH têm um desempenho prejudicado em tarefas que demandam funções cognitivas tais como: atenção, percepção, planejamento e organização, além de falhas na inibição comportamental. Características que interverem no cotidiano dessas crianças, sobretudo no desempenho escolar.

O Transtorno de Déficit de Atenção – TDAH é um transtorno neurobiológico, que aparece na infância e, frequentemente, acompanha o indivíduo por toda sua vida. Esse transtorno tipifica-se por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. A Associação Americana de Psiquiatria dividiu o TDAH em três subtipos:

• Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade tipo predominantemente Desatento;
• Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade tipo predominantemente Hiperativo-Impulsivo;
• Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade tipo combinado.

Aceita-se também o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção tipo Residual para adultos que continuam a apresentar alguns sinais do transtorno.

Os estudos acerca das causas do TDAH ainda são recentes. Fatores ambientais e genéticos atuam na manifestação das características que compõem o quadro clínico. Agentes psicossociais que interferem no funcionamento adaptativo e na saúde emocional geral da criança como: desentendimentos familiares, transtorno mentais nos pais, discórdias conjugais severas, parecem ter participação importante na manutenção do TDAH. Complicações na gestação ou no parto: toxemia, eclampsia, maturidade fetal, duração do parto, estresse fetal, baixo peso ao nascer, hemorragia pré-parto, má saúde materna; potencializam o transtorno. Alguns estudos também têm relatado que certas adversidades durante a gravidez, como o uso de álcool, nicotina ou outras drogas, parecem agir como fatores de risco para o TDAH.

Enfim, considera-se a possibilidade de vários fatores serem as causas para manifestação do TDAH. Sabemos que fatores genéticos são importantes, por outro lado, já foram identificados aspectos ambientais que, quando atuam sobre os sujeitos com predisposição genética, podem originar o TDAH.

O quadro clínico se manifesta por meio de determinadas características. As crianças com TDAH podem apresentar alterações na aquisição das habilidades linguísticas, desenvolvimento inadequado em relação à noção de espaço, coordenação motora prejudicada levando os pais a rotulá-las como “desajeitadas”. Os sintomas da hiperatividade se manifestam por intermédio de determinados comportamentos: agitação dos pés e mãos, remexer na cadeira, abandonar sua cadeira na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentada, correr ou escalar em demasia (sobretudo em situações em que esse comportamento é inapropriado), falar demais, ter dificuldade para brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades, parece estar “a mil por hora”. Os sintomas da impulsividade, que, em geral, coexistem com os da hiperatividade, são: dificuldade em aguardar a vez, emissão de respostas sem que o interlocutor tenha terminado a pergunta, interrupção das conversas de outros. Os sintomas da impulsividade agravam as dificuldades para relacionar-se com seus pares.

Para que esses sintomas caracterizem o transtorno devem ocorrer com frequência, acima do comum, para a faixa etária da criança.

O TDAH pode ser acompanhado por dificuldades na vida escolar como: resistência à realização dos deveres de casa, atividades incompletas em sala de aula, dificuldades para compreender textos escritos ou orais, dificuldades para lidar com a organização do texto matemático. A dificuldade na aprendizagem escolar, embora essa associação não seja obrigatória, ocorre em cerca de 20% a 80% dos casos. As dificuldades de aprendizagem escolar podem ser uma decorrência direta das dificuldades de concentração, ou ainda, uma comorbidade com as disfunções: dislexia, discalculia ou disortografia.

De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria os portadores de TDAH representam 2% a 4% da população em idade escolar.

Estudos apontam para o fato de o sexo masculino ser o mais afetado, numa proporção que varia de até nove meninos para cada menina. Afirmação esta que é contestada, uma vez que tem sido demonstrado que o quadro de TDAH do tipo dispersivo ocorre frequentemente em meninas, nas quais o quadro não é, em muitos casos, diagnosticado.

Anteriormente, acreditava-se que o TDAH era típico da infância. Atualmente, sabe-se que os sintomas desse transtorno mudam com o avanço da idade, mas que, frequentemente, persistem. Cerca de 60% a 80% das crianças com TDAH continuarão a apresentar sintomatologia significativa na adolescência, e cerca de um terço, na vida adulta. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria a frequência com que o TDAH pode ser encontrado na população adulta é de 2% a 7%.

O tratamento do TDAH envolve, sempre, uma abordagem multidisciplinar. A administração de medicamento é uma conduta, embora a medicação dificilmente seja alternativa inicial e exclusiva. É pertinente um acompanhamento psicopedagógico para estimular as funções executivas como: manutenção da atenção e estimulação da memória. E também é interessante intervenções psicossociais, envolvendo a família e a criança ou adolescente.

 

 

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