Discalculia e Aprendizagem da Matemática

A Matemática é, naturalmente, considerada de difícil compreensão. Estatísticas afirmam que a maior parte dos estudantes apresenta dificuldades na aprendizagem da Matemática. Não compreendem os enunciados dos problemas, não identificam a operação a ser realizada: se devem somar, subtrair ou dividir. Há também os que não conseguem realizar uma operação aparentemente simples. É importante salientar que essas dificuldades podem não estar associadas à desmotivação, mas sim com a discalculia.

Ladislav Kocs (1974), pesquisador que identificou a discalculia, ressaltou que essa disfunção pode trazer dificuldades para:

• nomear, comparar e manipular quantidades matemáticas;
• ler e escrever símbolos e problemas matemáticos;
• realizar operações mentais, cálculos numéricos e aplicar conceitos matemáticos.

Não existe uma causa única que justifique o aparecimento da discalculia. Os estudos na área são recentes e as conclusões não podem ser generalizadas.

O desenvolvimento neurológico é caracterizado pelas diferentes funções do sistema nervoso que vão se estabelecendo de maneira ordenada, progressiva e cronologicamente, ou seja, cada nível etário de maturação corresponde ao desenvolvimento de novas funções: percepção, espaço-temporal, lateralidade, ritmo. Essas funções são resultantes de experiências que produzem estímulos adequados e determinantes para as aprendizagens matemáticas.

Na área da linguística, Cazenave (1972) afirma que a compreensão da Matemática só é possível com a assimilação da linguagem, que tem um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo. Neste caso, um discalcúlico tem dificuldades na elaboração do pensamento devido às limitações no processo da linguagem. Essas pessoas apresentam defasagens na compreensão de relações e também na sua reversibilidade e estabelecimento de regularidades.

Os estudos na aera da genética, embora recentes, sinalizam para a determinação de um gene responsável pela transmissão de transtornos ao nível dos cálculos. O diagnóstico da discalculia deve ser o mais cedo possível, para que se possa iniciar uma intervenção adequada.

Um estudante discalcúlico apresenta um ritmo de trabalho lento, pois não tem desenvolvido os mecanismos de trabalho básicos como: memorização dos fatos fundamentais e sequências, usando muitas vezes a contagem com a ajuda dos dedos. Esses estudantes trazem dificuldades para:

• realizar contagens e cálculos simples;
• compreender e realizar associações envolvendo símbolos matemáticos, conjuntos e quantidades;
• memorizar conceitos matemáticos, regras e fórmulas;
• estabelecer de sequências numérica e percepção de regularidades;
• memorizar os passos necessários para resolução de cálculo matemático;
• resolver operações matemáticas por meio de problemas;
• executar mentalmente cálculos numéricos;
• compreender as palavras usadas na descrição de operações matemáticas como: diferença, soma, total, raiz quadrada;
• diferenciar direita/esquerda, norte/sul, leste/oeste;
• compreender um valor onde ocorre modificação de algarismo, isto é não percebem que os números 540, 405 e 504 são diferentes;
• compreender as diversas unidades de medidas;
• realizar tarefas que implicam passagem de tempo;
• olhar horário em relógio analógico;
• lidar com dinheiro calculando custo de produtos, troco, lucro.

A Matemática traz conhecimentos essenciais para o cotidiano, desse modo é de fundamental importância o diagnóstico da discalculia, e então proceder às intervenções necessárias, evitando que o estudante desenvolva traumas referentes a essa disciplina. O ser humano está em constante desenvolvimento, portanto, as dificuldades existentes podem ser minimizadas e, consequentemente, a ocorrência do desenvolvimento das habilidades matemáticas.

 

Referência Bibliográfica

COELHO. Diana Tereso. Dificuldades de Aprendizagens Específicas – Dislexia, Disgrafia, Disortografia e Discalculia. Editores Areal. Porto.

 

 

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